quarta-feira, 27 de agosto de 2008

MESTRE VEREQUETE, 92 ANOS. PARABÉNS!!!


“Aprendi as diversas manifestações da cultura amazônica ainda na minha infância, pois meu pai me deu a responsabilidade de cuidar de um boi-bumbá quando eu ainda tinha 9 anos de idade. Meu pai, na época, era esmoleiro de são Benedito, dono de cordão de pássaro e boi bumbá, em Ourém, interior de Bragança. Nos anos 40 mudei-me para a Vila de Pinheiro (atual Icoaraci), onde fundei o pássaro Guará e depois o boi Pai da Malhada, pelos quais me dediquei por cerca de quinze anos. Em 1970, eu organizava festejos de São João e convidava grupos de carimbó do interior do estado para fazer apresentações em Icoaraci. No entanto, por decepção com certo grupo de carimbó de Curuçá, que falhou em um compromisso firmado, resolvi formar meu próprio grupo. Aí fundei o Grupo Uirapuru do Verequete, que mais tarde se tornaria o Uirapuru da Amazônia, que me acompanha até os dias de hoje. Em 1971, em parceria com o grupo Uirapuru, gravei o primeiro LP de carimbó do Esatdo do Pará, intitulado “Irapuru da Amazônia – o legítimo carimbó”. Tal gravação abriu caminho para que outros músicos gravassem trabalhos de mesmo teor. Contudo, como na época o carimbó teve uma grande repercussão no Brasil, logo surgiu uma tendência denominada de “carimbó eletrônico” que padronizava o carimbó com o uso de guitarras. No entanto, decidi me manter fiel as minhas raízes culturais para que o carimbó pudesse ser apreciado e conhecido por outras gerações em seu caráter de legitimidade. O carimbó deveria ser tocado como nas origens negras, ou seja, “pau e corda”, tal como dizemos por aqui. Depois do primeiro LP, gravei mais 9 LP’s e 4 cd’s com a mesma característica de carimbó de raiz. Além disso, apresentei o carimbó em diversos espetáculos públicos, promovidos pelo Estado ou outras instituições. As apresentações não se limitaram ao Estado do Pará. Em diversas ocasiões também estive apresentando o carimbó em outros estados. Em 2001 meu trabalho foi tema documentário “Chama Verequete”, cuja trilha sonora foi de minha autoria e levou o filme a ser premiado no festival de Gramado, em 2002, como a melhor música, ganhado o prêmio Kikito de Ouro. Entre os diversos prêmios que recebi, destaco o do ano passado, quando estive em Brasília e recebi das mãos do presidente Lula o título a ORDEM DO MÉRITO CULTURAL NA CLASSE DE COMENDADOR”. VEREQUETE, 92 ANOS.