segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Obra de Verequete tem resgate histórico
Os discos em vinil do Mestre Verequete, únicos registros de um dos mais importantes acervos de música popular amazônica, são discos raros e de vital importância para a preservação do patrimônio cultural imaterial da região. É possível encontrar esses vinis em rádios de Belém, aparelhagens de som e outros em poder de colecionadores. Agora, o público em geral poderá ter acesso a estas pérolas, graças à iniciativa da da Associação Amazônica de Difusão Cultural, Social e Ambiental, através do Ponto Amazônico de Cultura Viva, que vai lançar no proxímo dia 31, no Teatro Margarida Schivassapa, à partir das 20h, os CDs em box personalizado, resultado da remasterização e reprodução de todas as músicas contidas nos 10 discos em vinil lançados por Verequete ao longo de sua carreira até o ano de 1995.
O trabalho de remasterização dos vinis e transformação em CDs foi todo feito em Belém do Pará, no Midas Estúdio, com coordenação do professor Luiz Pardal e do músico Jacinto Kawage. Toda a pesquisa e produção foram feitas nos anos de 2007 e 2008, com supervisão da musicóloga Laurenir Peniche.
E o trabalho não foi fácil. Do quinto disco gravado por Verequete, na década de 70, intitulado Verequete e o Conjunto Uirapuru ('No Balanço do Carimbó), só foi encontrado um único exemplar, mas sem condições de ser remasterizado. Ou seja, não se tem notícia de quem tenha um exemplar deste disco. Algo parecido aconteceu com o oitavo disco gravado por Verequete, também na década de 70, intitulado 'O Legítimo Carimbó' (Verequete e seu Conjunto), do qual foram encontrados dois exemplares, ambos sem condições de serem transformados em CDs.
Para compor o repertório desses dois LPs e trasnsformá-los em CDs, foi necessário buscar individualmente música por música, em em rádios e com pesquisadores. Para complicar a situação, Mestre Verequete está impossibilitado de voltar a gravar, acometido por um Derramente Vascular Cerebral sofrido em 2003, o que transforma seu acervo em vinil um tesouro para a memória da música e da cultura popular brasileira, que se encontrava em sério risco de desaparecimento, daí a importância do projeto.
A Associação Amazônica de Difusão Cultural, Social e Ambiental é, desde 2005, um dos pontos de cultura implantados pelo governo federal no Estado do Pará, e passou a ser conhecida desde então como Ponto Amazônico de Cultura Viva.
A instituição tem como principal área de atuação a cultura popular, sendo responsável pela realização de inúmeros projetos e ações no Pará, como circuitos musicais, espetáculos de teatro amador, exposições, edição de livros, lançamentos de CDs e diversos outros projetos ligados em especial à cultura amazônica.
E é com a atenção voltada para a riqueza e diversidade da cultura amazônica que o Ponto Amazônico de Cultura Viva decidiu contribuir com a preservação da obra de Augusto Gomes Rodrigues, Mestre Verequete.
Próximo de completar 100 anos de idade e acometido por um Acidente Vascular Cerebral, Mestre Verequete, o 'inventor' do carimbó, queixava-se de que seus discos em vinil haviam desaparecido.
In http://www.orm.com.br/oliberal
Enviado por julidamatta@yahoo.com.br
Foto Augusto Leal
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
MESTRE VEREQUETE, 92 ANOS. PARABÉNS!!!
“Aprendi as diversas manifestações da cultura amazônica ainda na minha infância, pois meu pai me deu a responsabilidade de cuidar de um boi-bumbá quando eu ainda tinha 9 anos de idade. Meu pai, na época, era esmoleiro de são Benedito, dono de cordão de pássaro e boi bumbá, em Ourém, interior de Bragança. Nos anos 40 mudei-me para a Vila de Pinheiro (atual Icoaraci), onde fundei o pássaro Guará e depois o boi Pai da Malhada, pelos quais me dediquei por cerca de quinze anos. Em 1970, eu organizava festejos de São João e convidava grupos de carimbó do interior do estado para fazer apresentações em Icoaraci. No entanto, por decepção com certo grupo de carimbó de Curuçá, que falhou em um compromisso firmado, resolvi formar meu próprio grupo. Aí fundei o Grupo Uirapuru do Verequete, que mais tarde se tornaria o Uirapuru da Amazônia, que me acompanha até os dias de hoje. Em 1971, em parceria com o grupo Uirapuru, gravei o primeiro LP de carimbó do Esatdo do Pará, intitulado “Irapuru da Amazônia – o legítimo carimbó”. Tal gravação abriu caminho para que outros músicos gravassem trabalhos de mesmo teor. Contudo, como na época o carimbó teve uma grande repercussão no Brasil, logo surgiu uma tendência denominada de “carimbó eletrônico” que padronizava o carimbó com o uso de guitarras. No entanto, decidi me manter fiel as minhas raízes culturais para que o carimbó pudesse ser apreciado e conhecido por outras gerações em seu caráter de legitimidade. O carimbó deveria ser tocado como nas origens negras, ou seja, “pau e corda”, tal como dizemos por aqui. Depois do primeiro LP, gravei mais 9 LP’s e 4 cd’s com a mesma característica de carimbó de raiz. Além disso, apresentei o carimbó em diversos espetáculos públicos, promovidos pelo Estado ou outras instituições. As apresentações não se limitaram ao Estado do Pará. Em diversas ocasiões também estive apresentando o carimbó em outros estados. Em 2001 meu trabalho foi tema documentário “Chama Verequete”, cuja trilha sonora foi de minha autoria e levou o filme a ser premiado no festival de Gramado, em 2002, como a melhor música, ganhado o prêmio Kikito de Ouro. Entre os diversos prêmios que recebi, destaco o do ano passado, quando estive em Brasília e recebi das mãos do presidente Lula o título a ORDEM DO MÉRITO CULTURAL NA CLASSE DE COMENDADOR”. VEREQUETE, 92 ANOS.
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